Por: Prof. Dr. Laudiélcio Maciel (Biólogo e Pedagogo) laudielcio@gmail.com
Um tema que pode causar inquietação nas aulas de Biologia é “A origem da vida”, por se tratar de um assunto de fronteiras entre o conhecimento científico e religioso. Em razão disso escrevi este artigo no intuito de partilhar com os leitores um pouco de conhecimento sobre o assunto.
Como é sabido, a ciência apresenta diferentes teorias materialistas para explicar a origem da vida na terra, enquanto muitos alunos e professores trazem consigo a ideia criacionista que é uma explicação de cunho religioso para o fenômeno.
Uma das ideias materialistas mais aceitas atualmente pelas ciências, para explicar a origem da vida, se situa no campo da abiogênese, e diz respeito à Teoria da Evolução Gradual dos Sistemas Químicos. Esta teoria foi desenvolvida e defendida por A. I. Oparin (1894-1980). Oparin explica detalhadamente que num oceano primitivo as partículas orgânicas que ali haviam, sofriam ações do tempo e interferência de uma “força”, e se aglomeraram de forma cada vez mais complexa até alcançar o estatuto de um organismo vivo, com capacidade autoreprodutiva, surgindo, portanto, a primeira forma de vida na terra.
Já a ideia criacionista, é uma explicação de cunho religioso, e repousa num ato de fé. A Bíblia Sagrada, livro sagrado dos povos Cristãos, afirma em um de seus livros (Gênesis) que a vida é uma criação de Deus.
Ao ampliar a investigação sobre as teorias científicas que buscam uma explicação para a origem da vida, encontrei escritos que defendem a teoria do Criacionismo Evolucionista proposta pelo Padre Teilhard Chardin (1881-1955). Esta teoria defende a ideia de que a vida teria surgido sim, a partir da Evolução Gradual dos Sistemas Químicos tal como proposta pelo cientista A. I. Oparin, mas que tal evolução somente teria ocorrido em função da ação de Deus sobre a matéria primitiva, até que esta se transformasse num organismo vivo.
Foi nesta teoria que encontrei conforto por vê nela uma possibilidade de aproximar os conhecimentos científicos e religiosos para explicação do fenômeno, posto que acredito na evolução gradual dos sistemas químicos como fenômeno para explicar a origem da vida, mas que isto só se tornou possível graças a ação de Deus sobre esta matéria, dirigindo o curso dos acontecimentos, até que as primeiras formas de vida viessem a surgir.
Assim, quando o assunto é “A Origem da Vida” a teoria do Criacionismo Evolucionista, parece estreitar as fronteiras do conhecimento, de forma que o materialismo e o criacionismo podem perfeitamente dialogar entre si, rompendo a relação de exclusão e se firmando numa relação de complementação. Um não nega o outro. Os dois se complementam.
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Referência Bibliográfica
SILVA, L. F. M. da. “A Origem da Vida em Sala de Aula: um estudo junto a professores, alunos e líderes religiosos”. UFRPE. Recife, 1998.